A poesia de Alice Coutinho «transborda» contenção e ousadia: sol, sombra, desertos de vida latente…Há nela muito de fálico, mas também de feminino, que desliza «entre os sulcos do nosso silêncio»; são esses sons que constituem verdadeiros atos de criação, escorrendo de aberturas, «hiatos» abertos no espaço e no tempo, inclusive nos não-lugares.
Lendo-a, sentimos o sopro, o «hálito» genesíaco, surpreendendo-nos sem nos agredir.
Português / Alemão
São as intermitências do tempo que comandam a vida, porque nos fazem estar, regressar e ir.
Os teus espaços, Alice, são salitre quente que nos levam a revisitar os nossos, através dos teus rios rebeldes/quase delin-quentes curvas sagradas e ruas mornas.
E é na leitura dos teus poemas que o leitor se perde na tua saudade, já que o tempo escorre, ama e apaixona-se... revisita-se em momentos de reflexão, através de um Buda, o das sílabas douradas/áridas de um sopro, que imprimes neste livro, e eu fico feliz por ser a leitora dos teus instantes de insónia.
Cada um dos teus poemas é uma travessia pela Vida.
Fiquem assim, caros leitores com a verdade dos desertos, de
Alice Coutinho... in -extremis.
Avelina Ferraz