Este trabalho de investigação científica do curso de mestrado em Estudos Portugueses, publicado agora em livro, nasceu do desejo de realizarmos um estudo relacionado à literatura cabo-verdiana (país cuja língua oficial é o português). Contribuir assim para um melhor conhecimento e divulgação da literatura dessa pequena nação africana e, quem sabe, estimularmos os jovens investigadores (nacionais e estrangeiros) a enveredarem por este campo investigativo, que se afigura de extrema importância na afirmação da identidade cultural cabo-verdiana. Pois, bem cedo nos textos literários cabo-verdianos, transpareceu uma especial preocupação dos seus autores em retratar, estudar e compreender o apego do cabo-verdiano à natureza agreste em que estava inserido e a forma harmoniosa como conseguiu sintetizar os elementos culturais dos povos europeus e africanos que povoaram as ilhas.
Entre as várias propostas de trabalho que nos iam “entusiasticamente” surgindo, desde o início do mestrado, uma pareceu-nos muito bem adequar-se ao nosso projeto dissertativo, após a realização de um trabalho para um dos seminários frequentados. A ideia, então um pouco abstrata, era procedermos à análise do romance Biografia do Língua, de Mário Lúcio de Sousa, numa perspetiva utópica, visto que nesta obra é descrita uma comunidade de perfil utópico.