Guerra Junqueiro – ativo na política, na literatura e na sociedade. Um vitivinicultor, lavrador e pai, em suma, um homem que se nos apresenta como não conformado com a decadência política, social e moral do Portugal dos finais do século XIX.
Empenhado em fornecer ao povo instrumentos de reflexão e de reforma moral, ou seja, obras que criticassem a sociedade com o objetivo de a melhorar e fortalecer, Junqueiro transformou-se progressivamente num homem poliedro.
Através de textos como A Morte de D. João (1874) ou A Velhice do Padre Eterno (1885), Pátria (…) ou Finis Patriae (…), ou ainda através de panfletos detentores de uma linguagem desbragada, Guerra Junqueiro teve sempre em mira atingir as classes mais desfavorecidas e distantes dos debates intelectuais dos grandes centros de decisão e dotá-las de uma literatura com características moralizadoras, revolucionárias que alertasse para a corrupção dos costumes e para a decadência moral/religiosa da sociedade da época.
É esse, pois, um homem empenhado e esperançado na reconstrução do poder social, político e humano do seu país. Considerando o período em que Junqueiro se afasta de Oliveira Martins e do grupo monárquico para se juntar às fileiras da I República, a forte vivência anticlerical que preencheu os seus textos, nomeadamente a marcante obra A Velhice do Padre Eterno e todo o seu empreendedorismo social e político aí patente, pretende-se uma análise crítica do que denominamos as paisagens dessa mesma obra.
Para tal proceder-se-á a um levantamento lexicográfico no qual serão tratados os elementos humanos, políticos, sociais e anticlericais, mas também símbolos como a luz; os sentimentos traduzidos de imediato em imagens, (como a sordidez urbana e burguesa); a personificação de sentimentos como a Dor e a Miséria.
Pretende-se relacionar esse corpus lexicográfico com a sátira anticlerical predominante na obra, (equilibrada por uma religiosidade de carácter humanitário e panteísta), com as ideias de exploração por vezes exaustiva de analogias retóricas.