CASA MATERNA talvez seja sobretudo uma morada, um território pessoal ou marca identitária: a minha. Aqui se encontram caricaturas de tipos sociais, figuras reais, notas sobre ideias ou sensações, paisagens, ambientes inesperados, pormenores e palavras em festa, rubras de excitação, desgastadas ou alucinadas, mas sempre genuínas.
É um discurso sintético plasmado em textos que se completam e dialogam entre si, mas díspares também. O leitor irá atribuir-lhes a classificação que entender, se lhe parecer importante.
Quando sentir que anda aos solavancos, que alguns versos parecem atirá-lo borda fora, que há poemas violentamente prosaicos e prosas raivosamente poéticas, pode não ser uma mera impressão. Os textos dizem-se para dentro e para fora. Gostava de imaginar que CASA MATERNA é também um lugar onde nos podemos todos encontrar, uma zona de concórdia onde polémicas estéreis e temas inutilmente fraturantes não são levados a sério. Mas haverá sempre tempo para pequenas provocações marginais entre mim e o leitor: este é um diálogo translúcido e dinâmico onde nos entendemos, nos arranhamos timidamente e nos questionamos.
Luísa Fresta