«As memórias sabem mais do que nós, não tenho dúvidas. Este é um livro de memória e pós memória; as que retive e as que me foram transmitidas. Recordações que ficaram num pedaço de papel encontrado entre as folhas de um livro, um postal, uma foto, e lá vamos nós remexer nas memórias que muitas vezes são sofridas. Outras alimentam e transportam-nos ao presente. Intensas, porque as leves não tiveram ocasião de o ser. São minhas e estão-me cravadas na alma com uma tinta que alimenta a caneta para contá-las.
São histórias de vidas de uma Comporta antiga, que têm nome, mas poderiam não tê-lo. Vestem a pele de uma comunidade. Contadas por um narrador que lhes conhece por dentro os recantos, os espaços sombrios e aprendeu a desviar-se das urtigas porque as sentiu na pele. São histórias de uma gente laboriosa que sussurrou ao vento as dificuldades.
Este é o meu contributo para que não morra a memória coletiva de um pedaço de uma África Metropolitana, feita de suor e muitas lágrimas, mas também de uma alegria e riqueza cultural genuínas, que não precisa de grandezas materiais para sê-lo.»
In contracapa
Comporta Aberta - Retratos de uma Comporta Antiga