“Este é um conto que fala sobretudo de amor e de esperança. (...)
Baseado em factos reais, vividos na primeira pessoa, faz uma alusão extraordinária a tudo o que o amor traz, desde os seus desígnios e as formas misteriosas de se mostrar, às enigmáticas e criativas formas de expressão, numa série de pensamentos díspares e originais que nos fazem ficar presos à narrativa pelo fascínio com que o autor se despe perante a sua própria essência.”
In prefácio de Andressa Marques Freitas Oliveira
Depois de uma passagem carismática pelo Colégio Moderno em Lisboa, que deixou saudades e cabelos brancos, com uma postura e uma maneira de ser que, ora se odeia, ora se ama, o Rui cedo se precipitou no mundo das artes. Ingressou na Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva, onde se formou na década de 90. Fundador da empresa Pintura Livre – Conservação e Restauro, Lda., foi responsável por obras de conservação que o levaram ao reconhecimento público.
Foram de sua autoria as obras do claustro dos corvos no Convento de Cristo em Tomar, do museu do Barroco em Setúbal (Casa do Corpo de Santo), do Mosteiro de São Miguel dos Refojos em Cabeceiras de Basto, do Museu Municipal de Marvão, do Convento de São José em Lagoa, entre outras, também bastante populares, como por exemplo o restauro do espólio azulejar de Almada Negreiros. Convicto de estar a viver numa era que não é a dele, de ser um deslocado, não deixa por créditos alheios os seus ideais, que gosta de vincar em simples conversas de café ou em entrevistas para os meios de comunicação social. Segundo ele, …“Hoje vivemos num fascismo democrático que não leva a lado nenhum, senão à própria aniquilação do sentido humano. O Homem é uma ferramenta de criação que precisa de tempo. De tempo para sentir, percecionar e ter atenção para consigo próprio. Só assim poderemos ser uns bons pais e um bom exemplo para a sociedade” … Longe de se enquadrar na perfeição, vê-se a si próprio como um homem com muitos defeitos, longe das divindades.
Ainda assim, suficientemente lúcido para não se deixar imiscuir numa sociedade doente. …“Prefiro ser um eremita social a pactuar com fantochadas que nada acrescentam, senão, o empobrecimento de espírito e a desfaçatez dos corruptos”… Músico por devoção, cedo se precipitou numa carreira autodidata. …“É o meu hobby e a minha necessidade. Escondo-me na composição, muito mais do que nas palavras ou nos pensamentos.”…
Um ser livre, mas com uma atitude e um pensamento que se adequam à sociedade. Um desviante convicto que não se esquece de todos aqueles que ama e sobretudo daqueles que o amaram e amam.
Um artista por natureza, que embora distante, aqui, ali, temos o prazer de conhecer de forma fugaz. …“Sou um deslocado inconformado, mas com a consciência de ainda poder escolher. Todos podemos escolher o peso da almofada onde nos queremos deitar. A minha é de penas macias e tenho a sorte de ter um par de braços afáveis para me agarrar.”…
…“A minha ambição é ser um ancião. Para poder falar de tudo um pouco, principalmente aos meus filhos. Sei que uma onda grande custa a passar, é uma massa colossal, mas sempre se bebem uns pirolitos, e esses, ficam para sempre”…