Preso nos tentáculos de uma sociedade opressora, que norteia e
sentencia, vergastado por um niilismo passivo, Heitor Duarte é a
Humanidade, todos nós, submissos, reduzidos ao tédio e à angústia
existencial, embebidos de uma consciência áspera da fugacidade
do tempo. Um tempo que separa as irrecuperáveis vivências
douradas dos verdes anos, do lado de lá, opostas às incolores, do
lado de cá - passadas, agora, no Norte do país, num frio outono-
-inverno da segunda década do século XXI. Um álgido negrume
exterior como metáfora do interior, que mais não é do que uma
clara alusão ao desencanto visceral que enregela as entranhas
e as horas, e catapulta o protagonista a uma inércia cruciante
de condenado a seguir as regras sociais e morais. Vale-lhe nunca
perder a vontade e a fé no Amor, o sentimento que ergue como
um facho na escuridão dos dias e das noites, e que o eleva e o
leva à perdição. Uma novela, uma orquestra literária de lemas de
vida, motes de nomes incontornáveis do panorama nacional que o
autor dirige e faz seus, sob uma batuta orgulhosa e incontrolavelmente
pessoana, de forma fatalmente romântica, que reproduz o
queixume do homem preso, que fala a linguagem de um silêncio
consentido e castrador, que se adentra e adensa no arrastar dos
dias, numa vida que se esfuma sob o peso das convenções…
Luís Ochoa reserva para si o direito de inquietar o leitor, de o levar
a rever-se por dentro, a conhecer-se, a criar defesas, sacudindo
velhos preconceitos empoeirados.
Cláudia Monteiro
Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas pela Faculdade de
Letras da Universidade do Porto.
GÉNERO NOVELA
EDITORA EDITORIAL NOVEMBRO
ANO DEZEMBRO 2022
DIMENSÕES 150 X 230 MM
NÚMERO DE PÁGINAS 268
ISBN 978-989-53850-8-9