Maria passa a semana à espera da sexta-feira. Tem 29 anos, vive num pequeno apartamento e o seu objetivo principal é a ascensão profissional. Tem tudo sobre controlo, é uma jovem adulta, empenhada, trabalhadora e sabe claramente onde e como quer chegar. Passa os seus dias numa grande consultora, em frente ao seu computador e quando tem tempo aproveita para estar com os seus pais. Está um pouco desligada dos seus amigos, mas apenas por uma questão de prioridades. Quando tiver chegado onde quer volta a restabelecer ligações e a preocupar-se mais com a vida social. Tem tempo e agora é hora de se focar no que importa!
Existe no entanto uma outra Maria, uma Maria de outro tempo que gosta de beijinhos na testa, de andar de bicicleta e comer gelados. É uma menina cheia de ideias a implementar, apaixonada pela natureza e adora passar tempo com a família e os amigos. Não larga os seus lápis de cor e com eles idealiza mil e um projetos. Essa Maria também chega a ser adolescente e mesmo no meio da turbulência que é a mudança, continua fiel a si mesma, à verdade, às pessoas e ao amor. É difícil crescer, a Maria sabe disso, mas tem consigo as pessoas perfeitas para a acompanharem nesta jornada. A Alice e o Pedro, os melhores amigos que alguma vez já existiram à face da Terra.
No meio delas vive o tempo. Contudo, um amigo de sempre pode fazer com que ele pare e aí será hora de pensar: Quem sou? Que caminho quero seguir? Por quem quero chamar?
Este livro é um lembrete para todos nós que crescemos e nos esquecemos da espontaneidade que temos enquanto crianças, na facilidade que temos em gostar, em sentir e ser. Este livro lembra-nos que crescer não implica levarmo-nos totalmente a sério. Porque a linha de tempo, ainda que cruzada, é apenas uma e nós somos uma só personagem e uma só história.
Era uma vez uma menina chamada Inês, que com os seus quatro anos já ambicionava coisas tão grandes como aqueles prédios que tocam a lua. O objetivo era provar a todos que as contas de matemática não deviam ser assim tão difíceis para o irmão mais velho ter preguiça de as enfrentar, pelo que, o plano passou por decidir adiantar o relógio uns anos e ir para a escola. O que era precisava para isto? Óbvio! Pintar os lábios de vermelho para ninguém notar que Inês tinha ainda apenas quatro anos, recolher numa mochila tudo aquilo que fosse preciso, ou seja, lápis de cor, cadernos e notas do monopólio para pagar o transporte, e claro, sem que a avó notasse a sua ausência. Naquela altura Inês foi até ao fundo da sua rua, mas os carros faziam muito barulho e a mãe podia ter saudades. Ups, por falar em mãe…
Isso, ela apareceu ao fundo da rua e não parecia muito feliz! Deve ter sido por causa de Inês ter usado o seu baton sem pedir autorização, só pode! E quem é esta Inês? A mesma que hoje vos escreve! E porquê a mesma? Bem…
Como deu para entender, desde sempre fui uma pessoa extremamente teimosa e criativa. Aprendi muito com os meus pais: Justiça, Solidariedade, Respeito, Humildade e Empenho são, possivelmente, os valores mais fortes que em mim cultivaram durante a minha infância e são por eles que me rejo ainda hoje. Em 2013 optei pelo curso de Gestão na Faculdade de Economia do Porto, não só pelo seu prestígio, mas porque sempre vi em mim capacidades de liderança.
Com a entrada na primeira empresa júnior social do país, a U.DREAM, apaixonei-me por pessoas e decidi que a minha missão passaria por criar impacto junto dos outros. Continuei a minha formação ao investir num Mestrado em Gestão de Recursos Humanos na Universidade Católica do Porto.
O objetivo a longo prazo é tornar-me uma excelente profissional, sendo que atualmente, com 23 anos, e após uma experiência profissional numa multinacional trabalho numa empresa destacada no mercado no que toca ao desenvolvimento pessoal dos seus colaboradores, a Blip. Quero, contudo, complementar sempre a minha carreira profissional com outros projetos, tenho muitas ideias e acredito que é mais fácil tirarem-me a cabeça do que uma ideia dela.
Para além disto tudo, e após um ano como formanda e de uma missão de voluntariado internacional em Cabo Verde, ingressei na Direção do GAS’África enquanto formadora. O GAS’África tornou-se um modo de vida e hoje sou Coordenadora da organização procurando levar a sua missão de cooperação para o desenvolvimento dos PALOP mais além.
Acredito que temos de sair da nossa zona de conforto, conhecer a realidade que se passa não só na nossa rua, mas no mundo, que é a nossa verdadeira casa. Quero aproveitar o tempo que tenho para transmitir estas e tantas outras ideias às pessoas que me rodeiam nesta coisa estranha a que chamamos vida. Isto é um pouquinho de mim, do que fui, sou e espero ser.
Que o tempo que corre me permita ser cada vez mais e melhor.