“(...) Alguns de nós, procuram no passado, explicações e razões para dificuldades presentes, como se a história dos individuas fosse linear, os processos desenvolvimentais pré-determinados e a sequência de acontecimentos uma inevitável escorregadela no tempo.
Outros olham para o amanhã, como se, lá, só lá, residisse o conhecimento, a sabedoria ou a verdadeira vida para viver. Projetam-se no futuro, no que irá acontecer, no que aí haverá de desconhecido e incontrolável. É no que virá e no que se antevê que centram todas as expectativas, todas as energias, todas as realizações ou, inversamente, todos os temores, incertezas e angústias.
Se, o engenho de que somos dotados nos permite esse exercício deslumbrante de organizarmos o tempo tridimensionalmente e de lhe darmos profundidade e espessura como se fosse uma zona de existência autónoma, o facto é que, quem existe, somos nós.
É em nós que habita o nosso tempo de significação.
Somos nós que usamos, como queremos e podemos o que foi e o que virá. Às vezes, como martírio, outras como fonte de exultação. (...) Um livro como este, que se chama ‘Tempo e Memórias em Psicologia’, onde se cruzam temas diversos, próximos daquilo que são algumas das teorias explicativas dos processos desenvolvimentais, é sobretudo um excelente pretexto para uma reflexão sobre a nossa própria identidade. Que vos seja útil!”
In prefácio
Isabel Pereira Leal
Professora Catedrática
ISPA – Instituto Universitário