«(…) com este Relógios sem Ponteiros – um título a lembrar um filme do Bergman – e a maravilhar-me, desta vez, com a sua prosa.
Há aqui textos que me apetece dizer em voz alta, pôr em cena, partilhar.
Uns, mais ansiosos, caminham ao ritmo de uma toada de afazeres. Outros, mais cautelosos, parecem mergulhar no nosso íntimo. O Congresso e Botão Armado abrem o livro. A leitura passa a ser uma emergência. Até à última palavra.
Gosto de livros, mas não sei escrever sobre eles. Mas gosto de os discutir, particularmente os que nos questionam e nos convocam para diferentes leituras. E gosto daqueles que me proporcionam imaginar como resultariam em teatro. Ou em cinema. E gosto de contos. E de textos curtos. E este novo livro Relógios sem Ponteiros é um pouco de tudo isto, escrito com sensibilidade, generosidade e inteligência.
Relógios sem Ponteiros volta a ser, também, um livro de amor, “para escrevermos amor em beijos secretos bordados na penumbra”.
Há encontros, desencontros e esperas, “um chá ocasional adormecido em biscoitos”. E memórias, muitas memórias. Há tanta sinceridade nestes textos.
Vou ler novamente. Ao som de um vinil. Dos Beatles, talvez.»
In prefácio Relógios sem Ponteiros
Mário Moutinho (Ator)