«As memórias sabem mais do que nós, não tenho dúvidas. Este é um livro de memória e pós memória; as que retive e as que me foram transmitidas. Recordações que ficaram num pedaço de papel encontrado entre as folhas de um livro, um postal, uma foto, e lá vamos nós remexer nas memórias que muitas vezes são sofridas. Outras alimentam e transportam-nos ao presente. Intensas, porque as leves não tiveram ocasião de o ser. São minhas e estão-me cravadas na alma com uma tinta que alimenta a caneta para contá-las.
São histórias de vidas de uma Comporta antiga, que têm nome, mas poderiam não tê-lo. Vestem a pele de uma comunidade. Contadas por um narrador que lhes conhece por dentro os recantos, os espaços sombrios e aprendeu a desviar-se das urtigas porque as sentiu na pele. São histórias de uma gente laboriosa que sussurrou ao vento as dificuldades.
Este é o meu contributo para que não morra a memória coletiva de um pedaço de uma África Metropolitana, feita de suor e muitas lágrimas, mas também de uma alegria e riqueza cultural genuínas, que não precisa de grandezas materiais para sê-lo.»
In contracapa
Comporta Aberta - Retratos de uma Comporta Antiga
A evolução da Herdade da Comporta e, no fundo, de toda a zona que vai de Tróia a Melides, tem acontecido de forma imprevisível desde o 25 de abril de 1974 e mais vincada nos últimos três ou quatro anos. Para uns, foi uma oportunidade e um enriquecimento resultante do acesso à propriedade edificada. Para outros, consistiu na desgraça de uma agricultura que se adivinhava próspera e indestrutível, mas que se revelou pouco atrativa. As duas realidades confrontam-se e contradizem-se.
A fragmentação da herdade, um ato de gestão controlada, abriu portas a caminhos e consequências imprevisíveis que só o futuro poderá revelar.
Há uma coisa que a Comporta, no sentido do todo que a forma e é conhecida, tem de perceber: Não pode, em circunstância nenhuma, traçar um caminho que amanhã se possa dizer que está como o Algarve.
A degradação paisagística e ambiental, a preservação dos recursos naturais tem de ser contabilizada como desenvolvimento. Não perceber isso é ganhar hoje para perder amanhã.
Podem até comprar o Céu e guardá-lo só para si. Mas, a dura realidade indica que a semelhança entre ricos e pobres é que ambos morrem e as terras ficam com tempo para se restaurarem.
"Procópio é um indivíduo franzino e levemente careca. Tem pernas tortas e ligeiramente peludas. Ventre não muito proeminente. Há uma luta entre as calças e o ventre, que dá origem a um tique constante.
O amigo Luís é alto e magro, culto, com uma licenciatura em Letras e professor de Germânicas."
Pedaços de Vidas é uma coletânea que reúne contos de temática diversa, cujas personagens vagueiam por diferentes paragens – mato, cidade, areia, asfalto, mar, intra e extrafronteiras de Angola. Pelas narrativas, muitas delas imbuídas de hábitos e costumes da terra, perpassam episódios de encontros e desencontros, amor e desamor, dor e luto, ganhos e perdas, resiliência, fé, conformação, gratidão, humor, riso e lágrimas...
No final, equiparei o resultado do trabalho a uma manta de retalhos, um patchwork conjuntado de pedaços, catados aqui, ali e mais além ao longo de décadas de caminhada, após baralhados e cerzidos a mando das recordações e do fluir da imaginação.
As confidências, os desabafos, as pequenas histórias de cinco mulheres que embora partilhando um tempo e um espaço comum, apresentam sensibilidades, olhares e emoções diferentes face às peripécias da vida. (…)
More info →Tony Tcheka é um dos principais escritores da Lusofonia.
Este seu novo livro, composto por 4 contos, Pekadur di Sambasabi, Manito o Patriota, Camarada Melhor Amanhã e Excisadas na Flor da Idade, é um verdadeiro contributo para o acervo da História, da Cultura e da Língua Portuguesa.
Assistimos, durante a leitura, a um entrelaçamento de culturas; aprendemos com os dialetos, as lendas, as tradi-ções e os costumes, desta narrativa histórica contada, que nos adverte para o quanto é necessário “pensar o passado para compreender o presente e idealizar o futuro”, tal como Hérodoto visionou.
Tony Tcheka é um profundo conhecedor da História e das estórias de homens e mulheres que sendo escravos da sua identidade, se tornam vítimas fáceis da ignorância, do medo e da ganância.
Como se fosse pouco, confere aos seus textos um embelezamento semântico e sintático, numa requintada criação literária.
Nota da Editora
Este livro resulta do Concurso Bolsas Criar Lusofonia, promovido pelo Centro Nacional de Cultura, com apoio do Ministério da Cultura/Direção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas de Portugal.
More info →Nandinho é uma criança que parte com os pais, da sua amada Guiné, em busca de uma vida melhor. No entanto, depressa se depara com circunstâncias adversas que o afastam da família e o encaminham para uma instituição de caridade, na qual vai crescer.
Quando toda a esperança parece ruir, eis que descobre que o destino colocou diante de si pessoas que são verdadeiros anjos sem asas, sábios e bondosos.
É graças a elas, mas sobretudo à sua persistência, coragem e força interior, que Nandinho se mostra capaz de enfrentar e superar as maiores dificuldades.
Ao longo do atribulado percurso, transforma-se num jovem que vai deixar a sua marca no mundo, representando o que de melhor o ser humano pode fazer florescer dentro de si, apesar das pesadas provas com que a vida o pode desafiar.
Esta é uma singela história de superação e coragem que nos leva a repensar na condição humana, que é comum a todos e a todos nivela de igual modo.
Só o amor e a tolerância nos podem salvar, na difícil travessia que todos empreendemos no mar da vida, construindo pontes e desconstruindo muros inúteis e absurdos de discórdia e de preconceito.
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