Percorrer as ruas de Penafiel entre hoje e domingo equivale a ser surpreendido quase pela certa, tantas são as atividades ao ar livre (im)previstas. Festival literário que não se confina às quatro paredes de um auditório, o Escritaria mantém a premissa de sempre: homenagear autores vivos de língua portuguesa através de artes tão variadas como o teatro, as artes plásticas ou o cinema.
Foi o que aconteceu, desde 2008, com Urbano Tavares Rodrigues, José Saramago, Agustina Bessa-Luís, Mia Couto, António Lobo Antunes e Mário de Carvalho. E acontecerá uma vez mais, entre hoje e domingo, dias em que no centro de todas as atividades estarão os livros deLídia Jorge.
A obra da romancista natural de Boliqueime será esmiuçada em colóquios, apresentações e sessões de cinemas. Mas saltará também para as artérias da cidade de múltiplas formas. Atores da companhia O Andaime vão recriar personagens célebres dos seus livros, frases da romancista vão emoldurar fachadas de edifícios e montras de várias lojas vão estar ornamentadas com alusões aos livros da escritora. Não faltarão sequer peças de arte de rua (como os já icónicos cubos) que qualquer transeunte poderá levar para casa.
Além de Lídia Jorge, presente nos cinco dias do festival, o público que acorrer às iniciativas poderá deparar-se com outros convidados. Eunice Muñoz, José Fanha, Pilar del Rio, Mário de Carvalho, Mónica Baldaque, Inês Pedrosa ou Patrícia Reis são apenas alguns exemplos.
Mural dinâmico
Uma das grandes novidades deste ano é a inauguração de um roteiro turístico-literário que contém frases dos autores homenageados pelo festival ao longo dos anos. Espalhadas por diferentes locais, as inscrições permitem que o turista conheça melhor não apenas a cidade em que se encontra mas também pensamentos soltos de figuras como José Saramago, Agustina Bessa-Luís, Mia Couto ou Mário de Carvalho.
“Criar uma relação ainda mais intensa e de maior afetividade de Penafiel com aqueles que vão sendo homenageados” é, no entender do edil local, Antonino Sousa, o propósito da iniciativa”.
É precisamente com a inauguração deste mural dinâmico – que todos os anos aumenta a sua extensão, sempre que se realizar um novo festival – que o festival se inicia. Um momento que, como sublinhou à Lusa Antonino Sousa, “mantém viva a presença e a passagem pela cidade de cada um dos escritores”
Destaques do programa
Teatro de rua
Presença assídua no Escritaria, a companhia O Andaime percorre as ruas do centro penafidelense, recriando passagens dos mais significativos romances de Lídia Jorge. As sessões acontecem amanhã e no domingo.
Arte pública
Amanhã, às 17.30 horas, é inaugurada a arte pública que integra esta edição.
Exposição retrospetiva
Nem só de palavras se faz um festival literário. A prová-lo, a exposição Viagem pelo Escritaria, ao encontro de Lídia Jorge, patente no museu local a partir de sexta, às 18.30 horas.
O organista lançado
Um dos pontos altos do Escritaria acontece na noite de sábado. O organista, novo livro da romancista, vai ser lançado às 21.30 horas no Museu Municipal de Penafiel, com apresentação do Padre Anselmo Borges.
Conferências
Os dois derradeiros dias do festival literário acolhem conferências que reúnem amigos e especialistas na obra da autora.
por Sérgio Almeida in Jornal de Notícias
Fonte: http://www.jn.pt/blogs/babel/archive/2014/10/01/uma-cidade-chamada-l-237-dia-jorge.aspx