Nesta narrativa, de carácter marcadamente histórico, poder-se-ão identificar três elementos fundamentais, intrinsecamente articulados ao longo do respetivo enredo.
Desde logo, ter-se-á que destacar o Porto, porquanto cidade em constante transforma-ção e protagonista de alguns dos episódios mais marcantes da história de Portugal, aqui oportunamente evocados.
Também o atual Largo dos Lóios – antiga Praça de Santo Elói – é merecedor de especial relevância. O mesmo constitui, para muitos, um dos locais mais emblemáti-cos da cidade invicta, tendo beneficiado, ao longo dos séculos, do facto de se situar numa área privilegiada do tecido urbano, permitindo-lhe testemunhar – e, natural-mente, refletir – as distintas realidades política, social e económica aqui vividas em diferentes épocas.
Uma casa, em particular, bem como aqueles que nela habitam, assumem também, por sua vez, uma importância singular nesta narrativa. Com efeito, no número quinze do Largo dos Lóios, definem-se sucessivas vivências quotidianas, moldadas, sem sur-presa, pelos diferentes ritmos e transformações que, gradualmente, são impostos à própria cidade.
Os factos e acontecimentos aqui descritos são, na sua essência, reais. Alguns deles, porventura, poderão ser tão-somente verosímeis.
A Casa dos Lóios existe, verdadeiramente. Tendo sido projetada em 1840, seria edificada pouco tempo depois, expondo-se aos olhos de todos, orgulhosamente, a partir desse momento. Assumiu a condição de verdadeiro lar, tendo acolhido, durante décadas, uma família tradicional burguesa de “portuenses de gema”. Um reduzido número de outros residentes e, sobretudo, um amplo leque de visitas da casa, mais ou menos habituais, tornariam particularmente animadas as rotinas aqui estabelecidas.